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Doação de roupas? Pense na natureza, dê o destino correto.

Atualizado: 6 de fev. de 2022

Você provavelmente chegou a este artigo porque tem preocupação com o meio ambiente e procure informação para realizar o descarte correto de roupas e acessórios que não usa mais. Saiba que este assunto é de extrema importância para a saúde do planeta. Neste artigo, trago informações sobre a problemática do descarte indevido de tecidos, trazendo argumentos para conscientização sobre o problema, bem como soluções, tanto para o hoje, para realizar o descarte correto, quanto para o amanhã, trazendo exemplos de tendências que visam um futuro sustentável para a indústria da moda.


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Imagem de El Sun por Pixabay


O problema


O aumento exponencial da população [1], partindo de aproximadamente, 4 milhões de pessoas a cerca de 12.000 atrás, 3 bilhões de pessoas por volta de 1960, até atingirmos em torno de 9 bilhões de pessoas até 2030, agrava a pressão sobre os recursos do planeta. Nos próximos 20 anos, 3 bilhões de pessoas migrarão de um “status” de “sobreviventes” para “consumidores” aumentando a pressão sobre o uso de recursos naturais do planeta bem como acelerando o descarte de produtos usados (plástico, metal, tecidos, etc).


No campo da moda, o aumento populacional trará impactos relevantes sobre o uso de recuros naturais para sustentar a produção e comercialização de peças, acessórios e utensílios. O ciclo de produzir, usar, descartar, simplesmente não poderá ser sustentado. Alguns dados do fórum econômico mundial dão uma noção do problema real [3]:


  • Aproximadamente 2700 litros de água são consumidos para confecção de 1 camiseta

  • A moda é a segunda indústria mais poluente depois do petróleo

  • 11,1 milhões de toneladas de têxteis por ano nos Estados Unidos vão para aterros sanitários

  • No Reino Unido, estimasse que 30 bilhões de libras em valor de roupas estão sem uso (guardadas como peças não usadas)

Mesmo considerando fontes de fibras, como algodão e lã, como renováveis, haverá uma demanda sobre uso de recursos naturais e impacto ambiental o que também não as tornas sustentáveis. No livro, economia cicular [1], a autora traz um comparativo para o impacto ambiental entre as fibras utilizadas em tecidos:


  • Fibras sinteticas: Uso intensivo de energia, menor consumo de água e recursos naturais

  • Algodão: Alto consumo de água

  • : Alto consumo de recursos naturais e maior geração de águas residuais

Essa problemática reforça a necessidade do consumo consciente e descarte correto de tecidos no final da vida útil como forma a minimizar o impacto ambiental causado pela moda, mirando em ciclos sustentáveis para o futuro. Nossa atitude com o descarte correto e divulgação desta informação, mostram que estamos engajados com o'que é responsabilidade social.


Como descartar (minimizando o problema)


O descarte de tecidos, tanto no lixo comum, ou reciclável, não é recomendado, deve ser a última alternativa. O problema do descarte incorreto é o impacto ambiental causado pelo volume gerado por toda a população e o tempo de decomposição dos tecidos na natureza. Estima-se que no Brasil sejam gerados em torno de 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano, a maior parte tem destino aos aterros sanitários. O tempo estimado para decomposição destes tecidos varia, conforme mostrado abaixo:

  • Algodão: Entre 10 e 20 anos

  • Couro: Até 50 anos

  • Tecido sintético: Entre 100 e 300 anos

  • Poliéster: Até 400 anos

  • Jeans: 1 ano

Ao julgar que não utiliza mais determinadas peças, e que as mesmas estejam em condição de serem doadas, deve-se dar preferência à doação. São inúmeras as alternativas para doação de roupas, sendo coletadas por entidades de assistência, algumas com próprio sistema de coleta, bastando um telefonema para agendamento da coleta na sua residência. Estas entidades então destinam as doações para pessoas carentes ou como roupa para revenda e realizam bazares para arrecadação de dinheiro visando a manutenção das estruturas e pagamento de funcionários.


Outra alternativa socioambientalmente correta é direcionar a peça para pontos de coleta, podendo ser desde igrejas até pontos de coleta sugeridos pela fabricante do tecido. Como exemplo de atitude sustentável, a empresa C&A, através do programa Movimento ReCiclo disponibiliza em suas lojas pontos de coleta para roupas descartadas, realizando a triagem e separação. Peças em bom estado são destinadas para entidades de assistência e peças sem condições de uso entram em um ciclo de manufatura reversa, retirando e descartando corretamente os diversos componentes, como exemplo botões, e direcionando o restante para outros fins como exemplo a utilização do tecido triturado para enchimento de acabamentos.

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Soluções para o Futuro


A solução para os problemas presentes e principalmente futuros no que se refere ao ciclo do tecido envolvem tanto o incentivo para o uso prolongado do tecido, com o reaproveitamento da peça antiga para criação de novos produtos, quanto no desenvolvimento de tecidos ecológicos, com tecnologia sustentável, que possuam um ciclo fechado e ambientalmente sustentável.


Desenvolvimento sustentavel exemplos


Pinatex (fibras de abacaxi)


Ao estudar com design e fabricação de artigos de couro, a pesquisadora Dra. Carmen Hijosa, identificou o potencial para a criação de fibras para tecidos utilizando folhas de abacaxi como alternativa ao couro. Com base nesse estudo, o processo para fabricação do tecido com base nas folhas de abacaxi, foi desenvolvido em parceiria com uma empresa têxtil tradicional filipina Ananas Anam Ltd. O processo envolve a extração da fibra das folhas, lavação e secagem, passando por um processo de enceramento (para desembaraçar) seguido de amarração e atadura para que os fios fiquem prontos para tecer o tecido final. O resultado é o tecido chamado Piñatex™ (vem de Piña, abacaxi em espanhol), um tecido com propriedades muito interessantes: resistente, arejado, macio, leve, flexível, podendo ser facilmente cortado e costurado.


Para a fabricação do Piñatex™ é utilizada como matéria prima o refugo da cultura de abacaxi, ou seja, tem origem no material que seria descartado como parte do processo de colheita e preparação do abacaxi para venda comercial. Isto significa menos impacto ambiental e uso de recursos naturais como água.


O tecido é biodegradável, se reintegrando inteiramente à natureza quando o produto final (seja uma camiseta, bolsa, calçado, etc) foi descartado após uso. Veja produtos desenvolvidos com Pinatex nesse link.


Fechando o loop da H&M


Atualmente, menos de 1% dos materiais usados para a fabricação de vestuário são reciclados anualmente. A marca de moda global H&M, através de seu programa Closing the Loop (fechando o circuito), traz a possibilidade de coletar, reutilizar e converter roupas usadas em algo novo que possa retornar mais rapidamente ao consumidor. O programa consiste na coleta e conversão de roupas antigas em utensílios novos, evitando que o tecido simplesmente vá para o lixo, o que de fato auxilia na redução do consumo de recursos e lançamento de resíduos na natureza (que irão parar em aterros sanitários).


Reciclagem de fibras


A reciclagem de fibras de tecidos apresenta desafios tecnológicos que vêm sendo estudados para o reaproveitamento da matéria prima. Uma forma de reaproveitamento é o reuso das fibras para o enchimento de revestimentos, como exemplo estofados e materiais isolantes. Exemplos como a da empresa japonesa Teijin Fibers, que desenvolveu um processo para reciclagem de artigos em poliester, refinando o tecido antigo em matéria-prima reciclada, como o material novo com origem no petróleo. Dessa forma, a fabricação de materia para criação de novas peças consome menos energia e emissões de CO2.


A problemática do aumento populacional e a demanda sobre artigos de moda trará desafios para a nossa geração e futuras. Teremos que atuar para a redução do impacto sobre o planeta e pensar em novas tecnologias que auxiliem um ciclo autosustentavel no futuro. A divulgação destas informações são de extrema importancia dentro da função socioambiental, compartilhe.


 

Referências:


[1] Economia Circular: conceitos e estratégias para fazer negócios de forma mais inteligente, sustentável e lucrativa, Catherine Weetman

[2] https://www.ananas-anam.com/

[3] Forum economico mundial, 2016

[4] https://www2.hm.com/en_us/sustainability-at-hm/our-work/close-the-loop.html

 

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